sexta-feira, fevereiro 23, 2007

DIZ QUE É UMA ESPÉCIE DE MAGISTRADO

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO

Procura-se Procurador que procure. Mesmo. Dão-se alvíssaras. Muitas e muito boas. Decerto.
Andamos sempre à procura de quem procure por nós porque nos esquecemos de procurar o essencial.
Por isso, só encontramos quem nos quer despistar à procura de coisas que nos deixam esquecidos de procurar. No deserto.
Ou em qualquer outro lugar.

Castelo de Almourol, 23 de Fevereiro de 2007 a.D.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

ERRATA

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO

Em verdade, em verdade vos digo que vivemos num país soviético.
Pois só num país assim se admite que um professor universitário de aspirações multidisciplinares e inspirações difusas professe falsidades notórias que perpetua em manual de conteúdo científico e de uso académico.
Com efeito, a História das Ideias Políticas-vol. 1 (editado pela Livraria Almedina, Coimbra) da autoria confessa do Sr. Prof. Dr. Diogo Pinto de Freitas do Amaral continua a exibir (no 3.º parágrafo in fine, a páginas 352), em pleno capítulo explanativo sobre Thomas Hobbes, a estranha e peregrina noção de que Oliver Cromwell era, em 1650, «um general desconhecido em campanha pela Irlanda».
Talvez o nosso distinto publicista se referisse a John Ireton, então lugar-tenente de Cromwell, o qual entretanto já vencera manu militari os Escoceses covenanters, mandara decapitar o rei Carlos I Stuart, dissolvera o chamado Rump Parliament e adoptara a Commonwealth (outro nome de República que também queria então dizer Bem Comum) como forma de governo...
Plumitivos de todo o Portugal, uni-vos!

Castelo de Almourol, 14 de Fevereiro de 2007

terça-feira, fevereiro 13, 2007

GRAVETO

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO

Juiz-Conselheiro jubilado (que é como quem diz, fora do prazo respectivo) portador de apelido estrangeiro informou ontem a plebe nativa, via Serviço Público de Rádio-Televisão, de que os 10.000 cidadãos maiores e vacinados que ousaram incomodar o Mui Alto e Supremo Tribunal de Justiça deste lugar mal frequentado ainda denominado Portugal, deverão pagar € 480,00 cada (o que dará o redondo total de € 4.800.000,00...) pelo atrevimento conjunto e solidário decorrente da invocação constitucional de um certo habeas corpus.
Fosse por amnésia ou ignorância, ninguém se lembrou de recordar ao insigne de cuius a origem de tão bizarro instituto penal: ficar-se-ia a saber que tal recurso foi consagrado pela primeira vez na Magna Charta de Inglaterra como reacção revolucionária ao arbítrio exercido por um monarca ilegítimo, hoje reduzido à condição de personagem menor de alguns filmes de ficção histórico-medieval.
Como se viu, saberá por certo Sua Justeza Reverendíssima contar as custas (in)devidas ao caso em apreço; duvido que, na sua longa carreira magistral, tenha sabido aplicar o direito a direito, como em tempo ensinou D. Sebastião Cruz por Coimbra e por Lisboa.
O tempora! O mores!

Castelo de Almourol, 13 de Fevereiro de 2007 a.D.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

NON HABEAS

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO

Em verdade, em verdade vos digo que vivemos num país soviético.
Pois só num país assim os magistrados que dizem administrar a justiça em nome do povo, segundo a Constituição desta república-das-bananas, bolsam a respectiva iniquidade sobre o povo que lhes paga o seu estatuto de privilégio.
Melhor seria substituir a independência e a imparcialidade retóricas que acompanham a respectiva condição luxuosa pela dependência e pela parcialidade realistas de quem se sujeita ao sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico.
Todos os magistrados devem ser eleitos pelo povo cidadão mediante programa eleitoral público que defina e descreva as suas aptidões, interesses e propósitos, como se fazia na Grécia e em Roma.

Castelo de Almourol, 2 de Fevereiro de 2007 a.D.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

SUBMINISTROS

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO

Em verdade, em verdade vos digo que vivemos num país soviético:
a) as acções do Banco Espírito Santo valorizaram-se cerca de 60% desde que Manuel Pinho deixou o grupo financeiro homónimo pela vã glória de ser ministro socrático...
b) seremos a «calçadeira-da-China» como pretende Teixeira dos Santos porque desde há muito fizeram de nós a «vaselina-da-América» como queriam os feitores de ocasião?

Castelo de Almourol, 1 de Fevereiro de 2007

quarta-feira, janeiro 31, 2007

PLEBISCITO

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO

De tempos a tempos, a clique que nos desgoverna apela a que votemos em causas.
Oito (8) anos depois de Marcelo, foi mais uma vez escolhido o aborto ou, como se declina em dialecto politicamente correcto, a interrupção voluntária da gravidez.
Ora o aborto é uma questão-limite que não se promulga nem se revoga, uma chaga existencial imune ao bom-senso legislativo e refractária ao consenso social.
Melhor teria sido, perante o positivismo decretino das nossas honoráveis magistraturas judiciárias, legislar sem subterfúgios a despenalização total das mulheres que o fazem, em vez de distrair a plebe recorrendo a mais um exercício fútil da soi disant democracia participativa...
Decidir não é adiar nem diluir, é resolver.
Por isso, irei praticar a abstenção no próximo dia 11 de Fevereiro, ciente de que o meu voto não interessa aos patrícios da nossa república-das-bananas.

Castelo de Almourol, 31 de Janeiro de 2007 a.D.

Definição

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO

Arruada - subst. fem./Arruaça autorizada pelo Governo Civil.

Castelo de Almourol, 31 de Janeiro de 2007 a.D.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

AMIGOS, AMIGOS...

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO

EM VERDADE, EM VERDADE VOS DIGO QUE VIVEMOS NUM PAIS SOVIÉTICO...
POIS SE CAVACO ESTÁ NA ÍNDIA, PORQUE NÃO LEVOU CONSIGO THIERRY ROUSSEL?
POIS SE SÓCRATES VAI À CHINA, PORQUE NÃO LEVARÁ COM ELE CARLOS MELÂNCIA?
QUE TERÁ LÍGIA CORREIA A DIZER SOBRE TUDO ISTO?

Castelo de Almourol, 10 de Janeiro de 2007 a.D.

Giraldo, o último wahabita lusitano